A vida tem umas coisas engraçadas. Vira e mexe somos pego de
surpresa e nossas crenças são viradas de ponta cabeça. Quando a gente começa a
achar que entende de algo, a experiência aparece e mostra que sabemos pouco,
quiçá, nada. Sem perceber, somos forçados a nos reinventar constantemente,
reaprendendo a caminhar e buscando pontos de vista que façam os acontecimentos
mudarem de perspectiva, talvez numa tentativa desesperada de explicar o inexplicável. Talvez vivamos tanto no piloto automático, que perdemos
a capacidade de parar por um tempo e observar os aprendizados que a vida nos
dá: a informação simples, pura e na sua forma mais bruta.
Nas
últimas semanas eu comecei a olhar com mais carinho para o que se passa na
minha vida. Passei a tentar entender as faíscas que são geradas internamente
toda vez que um pequeno incêndio acontece, afinal, onde há fogo, há fumaça.
Onde há fumaça, há ingredientes pra combustão. E onde há combustão, é porque
existe um misto de sentimentos e reações por trás disso tudo. É a beleza de se
olhar pras experiências em busca de entendimento e não somente do que se vive,
tirando do subsconsciente a ideia de que podemos apoiar quaisquer reações em
nossos sentimentos. Sentir é preciso, mas entender o que se sente talvez seja
ainda mais crucial para se evoluir na vida.
Quando
entendemos nossos gatilhos mentais e emocionais, somos capazes de separar
emocional e racional. Quando conhecemos as reações da nossa mente ao que a vida
oferece, podemos ser muito mais gratos por estas experiências. Se não há gratidão,
tudo se torna turvo e coberto por uma camada de ignorância, dor e sentimento de
injustiça, afinal, não é possível conectar pontos olhando pra trás, somente pra
frente – e do futuro ninguém sabe. Mora aí um dos nossos maiores enganos: a
tentativa de buscar explicações para tudo o que nos acontece com base no que se
foi, como se o próprio passado não fosse a consequência e não a causa de tudo. A
definição é simplista, mas os conceitos não são simples – e a nossa mente se
engana aí.
Decifrar
os labirintos da própria mente é uma tarefa árdua, dolorosa e que requer
esforço e dedicação. Geralmente não estamos dispostos a enfrentar tantos medos,
bloqueios e a caminhar pelo lado escuro daquilo que está dentro de nós. Levei
muitos anos pra entender que é ali que mora o meu melhor lado, que saem dali as
minhas melhores ideias e que tudo o que me impede de crescer, normalmente se
esconde atrás das sombras daquilo que eu não quero enxergar. Comecei a gastar
mais energia pra entender aquilo que me faz desviar e descobri um lado mais
sereno, pleno e bem mais esclarecido de tudo o que se passa comigo. Mas não foi
fácil e talvez nem devesse ser, afinal, como podemos ser melhores se não
estamos dispostos a pagar o preço deste aprendizado?
Hoje eu acordo de manhã e repito pra mim: "Siga em frente, siga com medo, siga se descobrindo, mas... siga!"
Hoje eu acordo de manhã e repito pra mim: "Siga em frente, siga com medo, siga se descobrindo, mas... siga!"
PS: Esse texto merece um trecho de uma música do John Mayer
que me remete a tudo isso que foi dito.
Age of worry - John Mayer (Born and Raised album, 2011)
Age of worry - John Mayer (Born and Raised album, 2011)
"(...) Don't be scared to walk alone
Don't be scared to like it
There's no time that you must be home
So sleep where your darkness falls(...)"